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As Cigarras Não Apareceram

Veio a primeira chuva, na abertura da primavera. As cigarras não apareceram. Alguém disse ter ouvido seu canto. Parecia ser uma só. A expectativa pela chegada das cigarras, em geral associada às primeiras chuvas, aquelas que espantam o calor e a secura desse período, fez surgir uma conjectura fantástica: curicacas teriam comido todas as cigarras.

Quem me reportou esta versão foi minha filha Maíra, ela própria, nascida em Brasília e com um fortes ligações com a natureza do cerrado. Teriam dito isto a ela, com forte pesar, como se representasse a perda de parte da vida do cerrado.

Fui em busca de informações e não encontrei evidências de que as cigarras surjam do solo já na primeira chuva, aquela conhecida como a das flores do cajueiro. Um Levantamento em Israelândia, Goiás, por Hiago Costa Dias, Millena Oliveira Duarte e Douglas Henrique Bottura Maccagnan, concluiu que as cigarras chegam, com certeza, em outubro.

Busquei informações sobre o cardápio das curicacas e não vi nenhuma informação de que elas se alimentassem de cigarras, mesmo porque as cigarras aparecem em outubro, acasalam, botam ovos e em dezembro, depois de trocarem seu exoesqueleto, morrem.

As chuvas, segundo previsões, chegarão neste final de semana, início da próxima. Choverá por mais de um dia. A terra ficará macia o suficiente para que as cigarras cavem e venham à superfície. Em 2010 ocorreu a mesma preocupação e elas vieram.

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Sobre
Eustáquio Ferreira

Arquiteto pós-graduado em Administração, escritor e blogueiro.

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