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Política Habitacional e Sobrevivência

Mãe de três filhos, morava em uma invasão nas proximidades de seu local de trabalho. Criava as crianças sozinha, o pai ficara no Norte. Fugiram das ameaças que ocorriam quando o marido bebia. Ela entendeu que aqui teriam um futuro melhor.

Seu sonho era conseguir a casa própria. Buscou documentos das escolas, cartões de vacinas que comprovassem o tempo de moradia e inscreveu-se no programa habitacional. A invasão era área de risco e removida. Enfim recebeu seu lote.

O lote ficava há muitos quilômetros do local de trabalho. Tinha que tomar dois ônibus para ir ao trabalho. Não tinha como buscar emprego próximo à nova moradia, pois ali não conhecia ninguém. Enfrentava a escuridão pela falta de iluminação pública.

Passou a dormir no trabalho. Voltava para casa nos finais de semana. Os filhos não se adaptaram às novas escolas. Tempos depois estava de volta ao velho local de moradia. Vendeu a casa.

Governos conservadores tendem a promover a remoção das populações de menor renda para locais distantes. Assim foi feito nos anos 60 no Estado da Guanabara. Tal política impunha aos removidos a perda das relações de trabalho, de acesso a serviços e dos laços familiares e comunitários que permitem o mútuo apoio.

Algumas experiências de fixação de ocupações irregulares foram bem sucedidas no Distrito Federal, tais como Candangolândia, Vila Planalto, Vila Telebrasília, Varjão, Estrutural. As políticas de fixação e as de remoção têm se alternado conforme a visão dos governos.

Ocupações irregulares decorrem, em geral, da falta de políticas de expansão urbana que levem em conta os eixos de transporte de massa, a oferta de serviços públicos, a disponibilização de infraestrutura de energia, saneamento, vias etc. As discussões sobre o PDOT tem se notabilizado mais pela valorização de áreas tornadas urbanas que pela melhoria das condições de vida das populações. Hora de mudar!

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Sobre
Eustáquio Ferreira

Arquiteto pós-graduado em Administração, escritor e blogueiro.

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