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O Homem do Rio e o Cinqüentenário de Brasília

Está circulando entre os brasilienses, com grande audiência, parte do filme O Homem do Rio, dirigido pelo cineasta Philippe Broca (Itália, França e Brasil) lançado em 1964, com 110 minutos de duração. O grande apelo do filme é a presença de Jean Paul Belmondo, grande galã dos anos 60, e o fato de que o filme ter sido rodado em parte em Brasília quando a cidade tinha 4 anos de inaugurada. Trecho do filme está acessível no You Tube, no endereço:
Brasília em 1964: Belmondo em O Homem do Rio

O filme é todo uma correria que resulta do roubo de uma relíquia. Em Brasília, o ator Belmondo é perseguido, passa pela Rodoviária, Palácio do Planalto, Setor Comercial Sul, via S1, por uma favela à beira do Lago Paranoá (que acredito ser a antiga Vila Amauri, removida para o Gama) e dá rasantes com um pequeno avião sobre os Ministérios e o Congresso Nacional. E, principalmente, leva vários banhos de poeira. Muita poeira!

Impressiona ver o cenário: ruas quase sem carros. Um ou outro é visto ao fundo. Nenhum estacionado. A população ainda era muito pequena e o governo funcionava, na maior parte, no Rio de Janeiro. Gente mesmo só nas obra, na Cidade Livre e nas invasões.

Essa é a imagem conhecida do início de Brasília. Cidade planejada e construída em 4 anos. Na época era um fenômeno. Vitória do povo brasileiro que provou sua capacidade criadora, inventiva, empreendedora.

Brasília ainda impressiona. Aqueles que a visitam a vêm “diferente, ampla, linda, incrível, moderna, em que tudo é novo, emocionante, tranqüila, onde tudo é longe”. Isso, graças ao tombamento que preservou o Plano Piloto. É unânime a observação da falta de transporte público. O turista tem ainda a dificuldade de identificar a linha ou o veiculo que poderá levá-lo ao local desejado. Não há sinalização com os itinerários e horários nos pontos de ônibus.

Hoje, pouco antes de completar os cinqüenta anos de Brasília, o momento é propicio para reavaliarmos esta cidade de muitas gentes. A Brasília dos que aqui moram, trabalham e criam os filhos. A Brasília dos que aqui trabalham, dos que vêm aqui para trabalhar e voltam no final da semana. A Brasília que recebe os turistas que buscam conhecer seu traçado urbanístico único, suas virtudes arquitetônicas, suas obras de arte, o paisagismo, seu modo de vida sem esquinas, a alegria de seu povo, seu modo de vida, suas iguarias gastronômicas, entre outros.

A discussão do presente e futuro da cidade seria tão importante quanto as festas programadas. A identificação dos problemas gerados por décadas de populismo inconseqüente, das demandas geradas pela má gestão, pelo rápido crescimento e pela mudança nas aspirações e necessidades dos residentes e do restante do país com a sua capital.

Assim, a realização de amplo seminário envolvendo todos os diversos segmentos – o Governador Aparecido não gostava deste termo – onde se pudesse discutir, avaliar e propor medidas quanto o aspecto urbano, a ocupação do solo, as atividades a serem aceitas e estimuladas, a infra-estrutura, os serviços de saúde, educação, segurança, cultura, abastecimento e o que mais vier. Assunto é o que não falta.

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Sobre
Eustáquio Ferreira

Arquiteto pós-graduado em Administração, escritor e blogueiro.

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