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Folhas, Chuvas e Inundações

A vegetação do cerrado, em especial aquele em altitude acima de 900 metros, tem a característica de se proteger da seca reduzindo suas folhas. Suas espécies endêmicas tendem a ser caducifólias, decíduas. Desta forma, elas reduzem suas atividades ao mínimo à espera das chuvas que vêm com a primavera e o ciclo recomeça.

A perda das folhas se dá por abscisão foliar. Um tecido cicatricial começa a se formar no pecíolo que une a folha ao caule. A passagem de água e nutrientes para a folha é interrompida gradativamente até que a folha finalmente caia. Assim a planta reduz suas atividades metabólicas durante a seca.

Os ipês, grande paixão de Brasília, fazem cair suas folhas antes de lançar suas flores. As flores tomam toda a árvore. Ao final da florada os ipês renovam suas folhas e iniciam a produção das sementes que serão dispersas pelo vento.

Todas essas folhas podem ser vistas nos gramados da cidade, nas ruas, nas calçadas, nas praças e em todo tipo de logradouro onde existam árvores nativas ou não. Junto com as folhas há sementes, restos de frutos, pedaços de galhos etc. Há ainda terra solta, restos de materiais e até restos de lixo, especialmente no interior das quadras.

Nos tempos idos, quando o próprio SLU fazia a coleta e disposição final dos resíduos sólidos no Distrito Federal, era costume recolher as folhas e todo material solto nas vias e logradouros. Lembro que nos anos 60 o SLU dispunha de caminhões que varriam e lavavam as ruas da cidade nas madrugadas. Sua ação garantia limpeza das ruas. Vi caminhões como estes, há poucos anos, operando em cidades da França.

Pois bem, as primeiras chuvas chegam com a primavera, na terceira semana de setembro. Será muito bom para os que aqui vivem, sejam do reino animal ou vegetal. Com as chuvas virão as cigarras como que alertando para a vida que se renova.

Todas essas folhas e outros materiais acumulado nas vias e logradouros serão carreados para as galerias de escoamento das águas pluviais. O acúmulo desse material nas galerias reduzirá sua capacidade de escoamento e ai vão se repetir os alagamentos das tesourinhas e de todos os locais com depressões causando transtornos, prejuízos e até mortes. Tudo isso é previsível como é previsível o começo das chuvas. É hora de limpar as galerias e remover esse material sujeito a ser levado pelas enxurradas, ainda que não seja com a utilização dos caminhões dotados de vassouras rotativas.

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Sobre
Eustáquio Ferreira

Arquiteto pós-graduado em Administração, escritor e blogueiro.

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