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Eterna primavera

Fala-se muito do patrimônio arquitetônico e urbanístico de Brasília. Em muitas cidades existem obras modernas ou antigas de qualidade, conjuntos de razoável extensão, mas nenhum deles tão amplos como Brasília. A quantidade e a qualidade das edificações e o conjunto por elas formado dão à cidade a condição de obra única.

Há outro patrimônio de importância, principalmente para os que aqui residem. Trata-se da vegetação composta por árvores de diversos tamanhos, idades, cores, origens e que nos fornecem sombra, frutos e flores durante o ano. Dificilmente alguém dirá que as árvores não são necessárias ou descartáveis.

É bem verdade que temos perdido parte significativa desta biomassa. A Avenida W3 Sul é uma das mais prejudicadas. Em vários trechos as árvores foram arrancadas e não há vestígio de que tenham sido substituídas. Dentro das quadras elas são removidas furtivamente e nada é reposto. Na SCLN 306, ao lado do bloco B vários fícus foram derrubados para construção de uma rampa de acesso a um mercado. As árvores sobre as estações do metrô na Asa Sul foram removidas e nada foi replantado, apesar das enfáticas promessas de que isso seria feito. É tempo de começar a repor esse patrimônio perdido!

Chamo a atenção para a temporada das flores que se inicia com as Paineiras. As Paineiras começam a colorir a cidade em março, algumas até antes, e vão até maio. Há vários pontos de concentração e é deslumbrante vê-las todas tomadas pelas flores de cor rosa. Logo após é a vez do Ipê Roxo. Seu período é curto e vai de junho a agosto. O período das flores dos Ipês se estende por um largo período: logo após o Ipê Roxo vem o Ipê Amarelo que floresce a partir do final de junho até setembro, seguido do Ipê Branco, e depois do Ipê Rosa que termina a temporada a partir do final de julho ate os fins de setembro. Os ipês têm significativa presença no Eixo Rodoviário, tanto norte quanto sul, a exceção dos brancos que ficam escondidinhos na pista rebaixada que liga a L2 Norte a L2 Sul, ao lado da Catedral. Poucos se dão conta de sua florada.

Ao final do ano temos a exuberância dos flamboyants com o seu vermelho vivo. Os flamboyants ocorrem de forma esparsa e têm uma significativa concentração nas quadras 700 da Asa Sul. São dignos de nota os guapuruvus, as cássias e tantas outras espécies de árvores nativas que oferecem flores de texturas, cores e formas de rara beleza.

A floração das cerejeiras é cultuada no Japão e atrai a atenção de todo o mundo. Nós temos arvores ornamentais em condições de oferecer uma cidade inteira florida durante todo o ano. Bastaria identificar as espécies pela ordem de florada e distribuí-las de forma heterogênea, adensando a vegetação existente e compondo com suas cores e formas, quadros de beleza incomum em um jardim permanentemente florido.

O Plano Diretor de Arborização de Brasília poderia ser revisto de modo a nos dar esse presente que iria encantar a todos. Uma cidade assim, florida, teria apelo turístico para ser visitada por admiradores do mundo inteiro! E nós viveríamos numa eterna primavera!

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Sobre
Eustáquio Ferreira

Arquiteto pós-graduado em Administração, escritor e blogueiro.

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