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Domicílios Particulares e Aluguéis

Ele tem uma moradia com um imenso gramado, com árvores de porte, algumas ornamentais, outras são fruteiras. Sua casa não é grande, na verdade é bem pequena. Tem uns 80 centímetros na cumeeira e vai decrescendo nas laterais até o chão. Não é larga, tem aproximadamente um metro de largura e dois metros de comprimento.

Não é uma casa sólida. Sua cobertura e paredes são compostas de uma lona plástica amarela. Mal cabe uma pessoa deitada. Não há vestígio de fogão, geladeira, televisão ou eletrodoméstico. Tampouco tem banheiro, cozinha, água encanada e todos aqueles confortos indispensáveis em uma moradia.

Perto da casa há um posto de gasolina. É de se supor que ele use o banheiro do posto e ali busque água para beber. Não há ligação de energia elétrica. Há postes de iluminação pública em volta de sua moradia. A localização é privilegiada. Está no canteiro entre o Eixinho Leste e o Eixão em frente a quadra 204 Norte. Ele já mora ali há mais de um mês sem ser incomodado.

Parece ser uma pessoa ativa. Ao lado da casa há um carrinho de mão, o que dá a entender que ele transporta coisas. Em alguns dias podia ser visto sentado na borda de um poço de visita de galeria de águas pluviais que aflora ao lado de sua moradia. Ele amassava latas de alumínio por certo catadas nas redondezas. Isso denota que é um trabalhador que busca seu sustento.

Trata-se de mais uma pessoa que não tem moradia. Assistimos dias atrás a ocupação do estacionamento do Setor Bancário Norte por um grupo de pessoas autodenominadas sem teto. Posteriormente eles ocuparam o Hotel Saint Peter que não está funcionando.

A PNAD de 2012 detectou que no Centro Oeste 34,5% da população residia em moradia alugada, cedida ou em outra situação. O Centro Oeste e nele o Distrito Federal continuam a receber migrantes o que leva a uma maior carência de habitação. A oferta de moradia pelos programas governamentais não tem conseguido baixar as taxas de habitações precárias ou atender a demanda por moradias próprias.

O esgotamento dos ciclos migratórios e o decréscimo das taxas de crescimento populacional vão reduzir a pressão por novas moradias, mas ainda há muito por fazer. Enquanto não se tem solução para todos é prudente arranjar uma solução para o morador do gramado do Eixão pois ali não parece próprio para iniciar uma favela.

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Sobre
Eustáquio Ferreira

Arquiteto pós-graduado em Administração, escritor e blogueiro.

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