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Brasília aos olhos de quem anda a pé

Vista de cima Brasília é um canteiro verde, especialmente nesta época de chuvas quando a vegetação está em pleno vigor. O traçado ordenado denota a intenção e a vontade de ocupar o solo dando-lhe uso predefinido.

Foto de Augusto Areal

Foto de Augusto Areal

Circulando de automóvel a cidade apresenta-se um pouco diferente. Quem passa pelo Eixo Rodoviário, o Eixão é exuberante por sua vegetação e dimensões. O traçado é suave e a via bem conservada oferece a melhor das impressões a quem aqui chega.

Em outras vias, que não as monumentais, verifica-se, em alguns pontos a pobreza de sua geometria, especialmente as novas, que apresentam ligações com deficiência no encontro de vias, das curvas e de níveis. Também se nota a deterioração de edifícios, por falta de manutenção, com pintura arruinada pelo tempo ou por ação de pichadores. Verifica-se também ocupações e apropriações do espaço público e a edificação dos ”puxadinhos” laterais ou para cima em prejuízo do conjunto representado pelo bloco de edificações. Esse conjunto é que garante a harmonia do aspecto urbano que tanto encanta aqueles que vão a Ouro Preto (Minas Gerais) ou a Amsterdã (Holanda).

Caminhando pela cidade é que se vê a perda de qualidade do conjunto urbano exemplar e modelar, como queria Lucio Costa. Calçadas deterioradas, caminhos sem calçadas, meio-fios arrancados, mato crescido, ocupação por mendigos, equipamentos e instalações quebrados, excesso de quiosques, sinalização deteriorada e outras agressões que baixam a qualidade de vida da cidade.

Vale lembrar que o turista geralmente se desloca a pé. Assim o fazem os europeus e outros povos oriundos dos países ricos que viajam pelo mundo. Eles vêem a cidade com os olhos de pedestres e por certo não devem ter uma boa impressão desta cidade que nós da classe média, que andamos de carro, tanto amamos.

Não se pode dizer que não há uma preocupação da administração com a qualidade dos espaços urbanos. Afinal, os canteiros de flores são refeitos permanentemente. Durante a estação seca eles são regados com caminhões pipa de modo a manter seu verdor. Os gramados são roçados em intervalos regulares.

Contudo o investimento na instituição de turmas de manutenção permanente para cada trecho urbano, com atribuições de fiscalizar, identificar e recuperar os danos impostos ao espaço urbano, cuidando inclusive das instalações de águas pluviais e outros, não elevaria os custos já hoje praticados. Isto melhoraria significativamente a qualidade visual da cidade, patrimônio da humanidade.

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Sobre
Eustáquio Ferreira

Arquiteto pós-graduado em Administração, escritor e blogueiro.

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